Quais são os inconvenientes da inflação?
A inflação é o crescimento percentual do índice de preços no consumidor (IPC), medido por um cabaz representativo dos hábitos de um consumidor médio. De um modo geral, a inflação corresponde ao aumento do nível geral de preços. Isto não significa que todos os preços subam, mas que sobe a grande maioria dos preços.
A subida de preços não é provocado por um único factor mas sim por um conjunto variado de factores que normalmente interagem, potenciando-se mutuamente. Como o excesso de moeda em circulação, aumento dos custos de produção e expectativas dos agentes económicos.
A inflação leva à:
– Perda do poder de compra para aqueles que – como é o caso dos assalariados – não conseguem reajustar seus preços na mesma velocidade e proporção que os outros. O resultado final é o empobrecimento desta parcela da população;
– Disputa pela renda ou o conflito distributivo. Num ambiente inflacionário há uma transferência de renda das classes sociais mais baixas para aquelas que possuem renda mais alta. A inflação, desta forma, alimenta o conflito distributivo, pois trabalhadores e empresas passam a disputar a renda através dos reajustes dos preços e salários. Sustentam os seus ganhos os que conseguem acompanhar a evolução dos preços, através do reajuste dos seus próprios valores;
– Perda da capacidade de planear financeiramente as actividades. A aceleração dos preços impede que os indivíduos possam fazer os seus orçamentos, pois os valores discriminados a cada momento não permanecem;
– Imperfeições no aluguer dos recursos produtivos. Os indivíduos direccionam, na medida do possível, a maior parte da sua renda em activos que lhes proporcionem protecção contra a inflação, tais como imóveis e terras, em detrimento de investimentos produtivos que proporcionem o aumento da capacidade de produção;
– Perda de referência da moeda enquanto reserva de valor. Os agentes econômicos, em período de inflação alta, tendem a livrar-se imediatamente dos recursos monetários que dispõem, para reduzir as perdas de riqueza associadas à redução do poder de compra enquanto não realizam gastos em aquisição de bens e serviços;
– Incerteza nos negócios. A inflação, quando alta, acarreta imprevisibilidade nos investimentos. Este componente gera expectativas de incerteza nos negócios, reduzindo os investimentos e comprometendo o crescimento da economia;
– Perda de referência da moeda enquanto unidade de medida. Com o aumento da inflação, a moeda deixa de ser um parâmetro aceitável como mensurador de valor de um bem ou serviço;
– Perda da função de troca. Em regime de inflação alta e duradoura, os indivíduos tendem a rejeitar a moeda como meio de pagamento. A perda do valor da moeda leva os agentes econômicos a aceitar activos reais, substituindo a moeda, como mecanismo de proteção da inflação;
– Agravamento do défice na Balanço de Pagamentos. Se a inflação interna for superior à inflação externa, o produto nacional fica relativamente mais caro que o produto produzido externamente. As exportações diminuem e as importações expandem-se contribuindo para o aumento do défice da Balanço de Pagamentos;
– Reflexos no mercado de câmbio. Se o país apresenta défice cambial, as autoridades, na tentativa de minimizá-las, promovem a desvalorização do câmbio para estimular as exportações e desencorajar as importações. No que se refere aos produtos importados essenciais, dos quais não se pode prescindir, estes tornar-se-ão mais caros contribuindo para o aumento dos custos de produção, que, por sua vez, pressiona o aumento dos preços, tornando-se um ciclo vicioso.